Saudações visitante.
Mais um relato. Este ilustra como um sonho pode se transformar em pesadelo.
Relatos Macabros, será que esse será selecionado para o livro?
Leia e diga se ele merece ou não.
Relatos Macabros, será que esse será selecionado para o livro?
Leia e diga se ele merece ou não.
A
cidade onde morava não era muito grande. Todas as pessoas se conheciam, e isso
costumava incomodar muita gente.
Tinha
o lado bom e o ruim, mas eu nunca me incomodei com isso.
Há
algumas quadras de onde eu morava tinha uma casa muito peculiar, que imitava um
castelo medieval, e que me chamava muito a atenção.
Gostava
de passar na frente dela e admirá-la, sempre que tinha a oportunidade. Tanto
por ser diferente das outras casas convencionais como por imitar um castelo,
algo que não existia por lá.
Pesquisei
um pouco sobre ela, o conhecido “Castelinho”, e descobri que ela tinha sido
construída pelo bisavô do rapaz que nela morava, naquela época.
Moravam
ele e a esposa, com quem eu não mantinha amizade. Os conhecia apenas de vista,
mesmo ele morando relativamente próximo de mim.
Como
era uma cidade pequena, algumas pessoas os conheciam e a maioria delas
comentava que o rapaz não era muito sociável, principalmente depois de um
acidente que tirou a vida do filho dele. Após o ocorrido o comportamento dele
mudara radicalmente..
Certa
vez, em uma festa de aniversário, surgiu o assunto do "Castelinho",
como a casa era conhecida, e eu comentei que gostava muito dele e que algum dia
ainda iria morar lá.
Lembro
que um amigo brincou comigo dizendo que isso só aconteceria quando eu estivesse
bem velho, depois que o casal morresse, isso se o restante da família quisesse
vendê-lo.
Ninguém
levava muito a sério a ideia de um dia eu conseguir morar nele.
Mas
a vida seguiu. Passaram-se alguns anos e o casal faleceu de uma forma bastante
misteriosa. Ambos foram encontrados mortos na cama, como se estivessem
dormindo. Mais tarde descobriu-se que tinham sido vítimas de envenenamento, mas
nunca se descobriu os reais motivos disso ter acontecido.
Obviamente
os parentes do casal não quiseram mais morar no "Castelinho" e ele
foi posto à venda. Foi quando tive a oportunidade de realizar meu sonho. Será
que fiquei triste?
Entrei
em contato com os familiares do falecido, vendi a casa onde morava e logo eu já
estava morando naquele belíssimo imóvel.
Meus
amigos ficaram felizes por mim, mas alguns parentes meus ficaram ressabiados
por causa da estranha morte do casal.
Sinceramente
não me importei muito com aquilo, nunca acreditei em fantasmas ou alguma coisa
assim e, ainda que acreditasse, estava tão feliz por ter realizado meu sonho
que nada me abalaria. Na verdade não vi problema algum em morar lá.
O
lugar realmente era admirável. Portas e janelas no estilo medieval, paredes com
tijolos a mostra e piso em mármore. Um imóvel construído por uma pessoa
excêntrica, para pessoas excêntricas, como eu.
Infelizmente
eu passava o dia todo no trabalho e somente aos finais de semana eu podia
admirar toda sua beleza. A luz do sol irradiando através dos vitrais
proporcionava uma atmosfera ímpar àquele lugar.
Mas
não levou muito tempo para que as coisas começassem a ficar esquisitas.
Certa
noite eu acordei com a nítida impressão de que tinha alguém me observando.
Levantei e procurei pela casa toda temendo que pudesse ser um ladrão, mas não
encontrei ninguém.
Essa
estranha sensação se repetiu dia após dia até que comecei a ouvir, também,
estranhos sons de passos e de coisas caindo em diversos cômodos do
“Castelinho”.
Nunca
encontrei ninguém, sempre me certificando de que as janelas e as portas
estivessem trancadas.
Mas
meu pesadelo estava só começando.
Uma
noite acordei com o choro de uma criança. Fiquei a noite toda acordado e
perambulando pelo "Castelinho", mas o enigmático choro parecia mudar
de lugar enquanto eu procurava seu autor e eu nunca o encontrei.
Nas
noites seguintes o choro continuou, mas dessa vez era uma mulher quem chorava.
Não pude dormir a noite toda e no dia seguinte eu parecia um zumbi. Já era a
segunda noite que eu passara em claro.
Durante
algumas noites o choro prosseguiu, sem que eu conseguisse dormir, até que numa
delas o choro foi trocado por uma diabólica risada masculina.
Como
um louco eu perambulava pelos cômodos da casa procurando quem me atormentava,
sem nunca encontrar.
Riso
e choro, noite após noite, e eu não conseguia mais dormir.
Nunca
tinha acreditado naquele tipo de coisa e me recusava a comentar com alguém
sobre aquilo tudo. Poderiam achar que eu estava louco.
Aquela
bizarra rotina já estava afetando meu desempenho no trabalho. Era nítido que eu
não estava bem e meu chefe resolveu me dar algumas semanas de férias.
Tive
então, por diversas vezes, a oportunidade de apreciar o belo espetáculo da luz
passando pelos vitrais. Mas quando eu tentava dormir, mesmo durante o dia,
sempre era acordado por barulhos na casa.
Cheguei
à conclusão que eu tinha que me mudar dali, por mais triste que essa decisão
pudesse ser. Para minha sorte não tinha comentado sobre aquilo tudo com alguém.
Se a notícia se espalhasse eu nunca conseguiria vende-lo.
A
beleza do "Castelinho" era fascinante, isso era inegável. Não demorou
muito para que aparecesse um comprador.
O
negócio já estava fechado e só faltava eu encontrar uma nova casa para que eu
me mudasse de lá.
Foi
durante a última noite que passei nele que tive a certeza de que tinha tomado a
melhor decisão.
Estava
assistindo televisão na sala, já sabendo que dormir seria impossível, quando vi
um vulto na porta, me encarando.
Só
era possível ver o contorno de um homem. Parecia que ele usava um tipo de meia
no rosto, escondendo-o.
Ele
ficou ali, de pé, me encarando, mas não viera sozinho. Logo em seguida outro
vulto veio por detrás dele, uma mulher com um vestido longo, com o rosto também
escondido, mas com alguma coisa no colo: um bebê.
Provavelmente
meus olhos se arregalaram como dois faróis. Quando o vulto masculino ergueu uma
das mãos e fez um gesto para que eu saísse eu corri para fora feito um doido.
Enfim
pude ter uma noite de sono, passando a noite no carro.
Na
manhã seguinte arrumei algumas coisas e decidi ficar em um hotel até encontrar
uma casa nova, o que aconteceu alguns dias depois.
Nunca
mais fui até o castelo e comecei e evitei passar na frente dele até o dia em
que fui transferido para a cidade em que moro agora, bem longe de lá.
Não
sei se os novos moradores começaram a ter os mesmos tipos de problema que eu.
Talvez
sim, mas tenham preferido manter segredo, assim como eu fiz.
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