Níkara era seu nome.
Durante anos ela aguardou por aquele momento. Se preparara tanto física quanto psicologicamente e finalmente se considerava pronta. Quem havia passado por aquela experiência, e eram poucas pessoas, dizia que ela era inigualável e marcava a passagem para outra realidade, um outro mundo.
A existência não seria mais vista com os olhos da inocência e a doçura desapareceria por completo.
Finalmente era chegada a hora. Não escolhera seu parceiro, como sonhara, mas fora escolhida. Belo e misterioso. Sensível, mas com pitadas de brutalidade que a excitavam. Ele seria seu parceiro naquele momento tão especial.
Em seu próprio quarto, em lençóis novos e com velas acesas, ela o convidara para iniciá-la naquele mundo até então desconhecido.
Não houve os carinhos que ela tanto desejava. Não houve beijos. O ato foi consumado pura e simplesmente como uma obrigação. Ela não era a primeira e provavelmente não seria a última a partilhar daquele momento com ele.
Prazer? Não houve nenhum. Ao contrário, uma dor terrível invadiu-lhe a alma. Uma dor não apenas física, como também espiritual. A derradeira perda da inocência, ela sabia que a partir de então não seria mais a mesma. Ouviu uma sinistra risada antes que caísse em profundo sono.
Ao despertar não encontrou o parceiro ao seu lado. Ele havia partido, talvez para sempre.
Olhou para a janela agora iluminada pelo Sol e deu-se conta de que realmente as coisas agora eram diferentes. Seus olhos doeram ao vislumbrar a luz e ela se escondeu debaixo do pesado cobertor.
Finalmente ela havia se transformado numa vampira.
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