Conto - Friday 13.


Enfim ela chegou.

Sexta-feira 13.

A data tão temida, tão evitada.

Macabra, cabalística, amaldiçoada...

Por quê? Nem ele sabia dizer, mas ela estranhamente exercia sobre ele um terror quase incontrolável.

Superstição? Talvez...


Já avisara seu chefe de que se ausentaria da empresa naquele dia. A princípio ele achou graça, acreditou ser uma brincadeira, mas o rapaz realmente não apareceu. A coisa devia ser mesmo séria, ele dificilmente faltava ao trabalho.


Em sua casa despertou mais tarde do que de costume. O corpo estava pesado e a cabeça latejando como se fossem um presságio de que algo terrível estivesse para acontecer.

A sexta-feira 13, o que ela lhe reservaria?
Almoçou mal, aliás, mal tocou na comida. Ela embolava em seu estômago e lhe provocava náuseas. Justo ele que sempre comera bem, até demais.

Prostrou-se defronte à televisão e tentou se entreter com a programação chula que era veiculada. Por alguns instantes sua mente relaxava, mas logo em seguida a ideia funesta voltava à sua mente. A sexta-feira 13.

Como sempre, passaria na televisão um daqueles filmes sobre assassinos em série que massacravam as pessoas na data fatídica. Isso não o amedrontava, ao contrário, ele achava graça de histórias assim tão esdrúxulas.

Já tinha vivenciado diversas datas como aquela e nada de mais ocorrera, mas aquela parecia ser diferente. Desde o início do ano, ao consultar o calendário, cismou com aquele dia, aquela sexta-feira. Não era a primeira do ano, mas era “a sexta-feira”. Por quê? Não sabia explicar, mas sua alma parecia temer a chegada daquele dia.

Isolou-se, tentando evitar que algo terrível o acometesse. Não atendeu ao telefone que chamara algumas vezes e não foi visitado por ninguém. Claro, não arredou o pé do seu apartamento.

Finalmente chegou a noite. Seria um bom sinal, afinal, indicava que a data estava mais próxima de seu término, mas a noite aumentou ainda mais a angústia que sentia. A escuridão e o silêncio que com ela chegaram pareciam afligi-lo ainda mais.

Qualquer ruído nos vizinhos o deixava alerta, seu coração disparava e seu corpo era ensopado por abundante suor. Ficava aterrorizado. Tomou até mesmo alguns comprimidos de um suave calmante que tinha, que surtiram pouco efeito.

Em dados momentos, enquanto ainda se entretinha com a televisão, tinha a impressão de perceber vultos o rodeando e cochichos estranhos ao pé do seu ouvido. Seria apenas impressão ou a fatídica data finalmente revelava sua maldição?

Defronte ao aparelho ele acabou adormecendo enquanto assistia ao filme que, ao invés de lhe provocar horror, lhe fazia rir. Dormiu profundamente.

O rapaz nunca mais despertou...

Sua alma não temia aquele dia, aquela sexta-feira 13, mas sim, estava ansiosa pela sua chegada. O rapaz não entendera os sinais que recebera.

Era a data da sua libertação.


Um comentário:

  1. Apesar de não gostar de terror o texto está muito bom. Tem 2 palavras digitadas erradas que a julgar por sua escrita suponho ser problema na hora da digitação. Sucesso pra vc.

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