Setealém – Verdade ou Ficção?

Setealém – Verdade ou Ficção?

Se você, assim como eu, gosta de assuntos sobrenaturais, dificilmente ainda não ouviu falar sobre Setealém, mas qual seria a realidade por trás de um dos assuntos mais falados no ano de 2020?

Um mundo que está em todos os lugares, ou em nenhum deles, sujo, decrépito, sombrio, obscuro, onde a alegria parece ter desaparecido, se é que algum dia existiu, habitado por pessoas de olhar negro, profundo, sem alma, que transmitem uma negativa energia de tristeza e morte... essa é Setealém.

Mas seria isso tudo realidade ou ficção?


Soube do assunto graças ao meu filho, hoje com treze anos, que me perguntou se eu já tinha ouvido falar a respeito, e diante da resposta negativa ele me disse que existem inúmeros vídeos no Youtube e páginas pela internet afora que falam sobre esse misterioso lugar.

Curioso e intrigado fui atrás desses vídeos e páginas (que realmente não são poucos) para descobrir do que se trata, afinal conhecimento sempre é bem-vindo e nunca se sabe o que pode ou não nos trazer inspiração.

Meu filho tinha razão, encontrei diversos vídeos sobre o assunto no Youtube, principalmente no canal “Você Sabia?”, além de alguns outros, como o “Fatos Desconhecidos” onde as mais variadas experiências relacionadas a esse “universo paralelo” são relatadas, além de matérias sobre ele em sites respeitados como o “Jornal Ciência” e isso fez com que minha curiosidade aumentasse ainda mais.

Pesquisando mais a fundo encontrei um cara chamado Luciano Milici, o responsável por dar o “start” nessa história macabra, que relatou ter tido contato com Setealém no ano de 1994 e que, impressionado com o ocorrido (e quem não ficaria?), publicou sobre sua experiência no “BuzzFeed” (que confesso desconhecer) e posteriormente no já finado “Orkut”, quando a partir de então uma série de relatos semelhantes começaram a surgir.

Esses relatos sobre tão apavorante “universo paralelo” chegaram até o Youtube, onde Luciano criou um canal exclusivo sobre o assunto onde são publicados vídeos com os resultados obtidos por uma “equipe de pesquisadores” que aparentemente investigam relatos sobre ele.

Uma ideia ao mesmo tempo sensacional e também perturbadora diante do que ali pode ser encontrado, devo ser honesto.

Experiências com o paranormal para mim não são novidade, eu mesmo já tive as minhas, além de ter mantido contato com diversas pessoas que também passaram por experiências inexplicáveis, experiências essas que inclusive publiquei nos meus livros “Relatos Macabros I e II”, mas afinal o que seria realmente esse tal de Setealém?

Como sou um escritor que tem o hábito de verificar a veracidade dos assuntos sobre os quais escrevo e assim transmitir credibilidade aos meus trabalhos decidi pesquisar a fundo sobre essa tão perturbadora história, porém, qual foi minha surpresa ao descobrir que Luciano Milici, além de ter sido o pioneiro no “reino” de Setealém, também é um escritor, além de roteirista...

Devo admitir, foi genial!

Não sei dizer se foi ou não intencionalmente, mas Luciano conseguiu com isso criar uma lenda urbana (ou “creepypasta” para os mais moderninhos) que alcançou um patamar bastante grande, encontrando solo fértil na imaginação do seu público alvo e, com isso, levar sua história e seu nome para os “trending topics” no Brasil em 2020.

Não o estou julgando, muito pelo contrário, devo sim parabeniza-lo pela brilhante ideia, afinal foi uma jogada de marketing genial e uma ótima maneira de divulgar seu trabalho, mas a questão que surge então é: as histórias sobre Setealém são verídicas ou apenas frutos da imaginação de um escritor?

Histórias essas que tomaram grandes proporções nas mídias digitais graças à canais do Youtube que sabemos muito bem serem sensacionalistas e “caçadores de visualizações” como as “Você Sabia?” e “Fatos Desconhecidos”, apenas para citar alguns exemplos.

Não as culpo por abordarem com tanta ênfase assuntos como esse, afinal seus criadores buscam visualizações, lucro, e para isso criam conteúdo baseando-se em assuntos que estão na "crista da onda" atraindo com isso a atenção do público.

Faz parte do jogo.

Mas devo confessar que fiquei desapontado com o que descobri e com as conclusões às quais cheguei, pois realmente acreditava que Setelaém (7Além, Cetealém ou Sete Além) pudesse me trazer uma visão nova sobre um assunto tão intrigante como são os universos paralelos.

A ideia sobre um lugar como ele é realmente muito boa, concordo, e o fato de haverem incontáveis relatos sobre experiências parecidas é intrigante, mas ao meu ver tratar o assunto “Setealém” como verídico não me parece razoável, principalmente quando o próprio escritor afirma em seu site não acreditar neles.

Cabe então a pergunta: por que ele menciona a tal “equipe de investigação” que supostamente leva credibilidade aos vídeos publicados no seu canal do Youtube

Exatamente para transmitir credibilidade às histórias e com isso atrair a atenção do público e daqueles que querem se servir de "uma fatia do bolo".

A repercussão do assunto e a quantidade de visualizações dos vídeos relacionados a ele são a prova disso: ele chama a atenção, faz sucesso.

Minha opinião é a de que Setealém foi um ótimo trabalho de marketing do autor, que pode sim ter tido alguma experiência paranormal que o inspirou para criá-lo, mas que, assim como os incontáveis relatos acerca dele, não passam de boas histórias de terror frutos de mentes bastante criativas.

Um detalhe curioso é que Luciano patenteou o termo Setealém e seus derivados, ou seja, ninguém pode utilizá-los sem sua autorização.

Realmente o cidadão visa lucro com essa história toda.

Imagine fazerem o mesmo com termos como "vampiro", "lobisomem"? 

Enfim, assim como eu você tem total liberdade para acreditar ou não nisso tudo e não te julgarei caso acredite, afinal as histórias são bastante perturbadoras, mas como me fiz entender ao longo do texto, Setealém não passa de ficção.


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