Relato Macabro - Capuz Negro

 


Não sei bem como começar, esse é o tipo de coisa que não me sinto confortável em falar, por medo de me chamarem de louco ou pela mera lembrança me deixar angustiado, mas vamos lá.

Aconteceu comigo quando eu era criança, tinha uns oito ou nove anos e morava na minha antiga "casa".

Meus pais saíam bem cedo para trabalhar e, como de costume,  quando isso acontecia eu ia dormi na cama deles. 

Essa cama ficava na direção de um pequeno corredor, que não tinha luz, era bem estreito, e nele ficava o banheiro e logo em seguida a cozinha. 

Estava deitado com a televisão ligada, sem som, apenas para debilmente iluminar o quarto, e comecei a cochilar.

Foi quando, inexplicavelmente, a televisão desligou, fazendo eu acordar e  começar a encarar o escuro daquele corredor, como se algo nele estranhamente me chamasse a atenção.

Em um piscar de olhos, sem entender como ou porquê, surgiu um enorme vulto preto de pé, na porta do quarto, me encarando, estático.

Sentia seus olhos sobre mim, podia ouvir sua respiração pesada, mas não conseguia ver seu rosto, tanto pela escuridão como por ele usar um apavorante capuz.

Diante daquilo fiquei em choque, não me movia, eu era só uma criança! Estava sozinho, à mercê dele, o que eu poderia fazer?

Tentei gritar, mas minha voz não saía, era como se fortes mãos apertassem minha garganta, me sufocando, entrei em pânico.

Correr? Para onde? Ele bloqueava a porta do quarto, eu não tinha o que fazer.

Mas não era o vulto quem me atacava, ele permanecia ali em pé, silencioso, imóvel, ameaçador, até que começou a mover lentamente as mãos, como se me chamasse para junto dele.

Eu não sabia o que fazer e a única coisa que me veio à cabeça foi me cobrir com o cobertor. Atitude típica de uma criança.

Fiquei ali, encolhido, apavorado, ouvindo aquela respiração angustiante, implorando em meus pensamentos que nada me acontecesse...

Os minutos foram se passando até de repente o quarto ficar silencioso, aquela sensação desaparecer...

Espiei por uma fresta do cobertor e não havia mais nada no quarto, o vulto tinha desaparecido.

Enfim tive alguma coragem e perambulei pela casa. As portas e janelas estavam trancadas...

O que tinha acontecido? O que ou quem era aquilo?

Me recordo de que, alguns dias depois disso, minha avó que estava muito doente veio a falecer.

Seria apenas uma coincidência?

Ainda hoje fico pensando no que poderia ter acontecido se eu tivesse atendido ao chamado daquele vulto de capuz preto, ou se não tivesse me escondido dele.

Se há alguma relação entre a morte da minha vó e ele acho que nunca saberei dizer, mas foi real, muito real, me lembro como se tivesse acontecido ontem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.