Noite de Halloween

 

Noite de halloween, quem teria a brilhante ideia de visitar um cemitério?

Jean, mergulhado em seu doloroso luto, não pensou duas vezes.

Trinta e um de outubro, há duas semanas sua esposa tinha perdido a batalha contra um câncer que a atormentou por meses e desde então Jean não foi mais o mesmo.

Era uma típica noite de primavera, onde a fina e gélida chuva afastava as pessoas das ruas.

Segundo a mitologia celta, durante a noite de Halloween o véu que separa o mundo dos vivos e dos mortos se torna mais tênue, permitindo a comunicação entre eles.

Pensando nisso Jean teve a ideia de visitar o túmulo da esposa para, quem sabe, poder conversar com ela pela última vez.

Caminhou solitário pelo cemitério frio e escuro, com a fina chuva lhe encharcando a roupa, mas assim que chegou ao sepulcro da esposa notou algo que lhe chamou a atenção e o deixou em choque: na lápide não estava o nome da sua amada, mas sim o dele. 

Sentiu-se desnorteado, o que significava aquilo?

O ar repentinamente ficou pesado e ele percebeu alguém se aproximando: seria ela?

A fina chuva atrapalhava a visão, Jean cerrou os olhos e percebeu que aquilo que se aproximava era uma bizarra figura encapuzada, caminhando lentamente na sua direção. 

"Quem é você?" Jack perguntou, sem obter resposta alguma. 

A figura chegou mais perto, revelando seu rosto pálido e os olhos brancos, que então respondeu com uma voz fraca e rouca: "Eu sou você", fazendo o sangue de Jean gelar.

Ele tentou correr, mas seus pés estavam paralisados, como se o frio da chão molhado tivesse lhe congelado as pernas.

A figura começou a rir diante do seu desespero e lhe estendeu a mão, apontando o dedo para o seu rosto, ameaçadoramente.

Jean sentiu uma dor intensa, como se fosse eletrocutado e, com um salto acordou... em sua cama.

"Um horrível pesadelo", foi o que pensou, mas, ao olhar para o travesseiro, viu que ele estava coberto de terra e suas roupas, sujas e encharcadas.

Aterrorizado, olhou ao redor, tudo parecia normal, com exceção da dor que sentia por todo o seu corpo.

Com dificuldade se levantou da cama e foi até o banheiro para se lavar: a água  quente era reconfortante.

Terminou o banho e, ao se olhar no espelho, notou que seu reflexo estava... diferente.

Seu rosto estava pálido, os lábios arroxeados e seus olhos estavam mais fundos. 

Acariciou o rosto e, pelo reflexo, viu a mensagem escrita no azulejo branco atrás dele: "Eu sou você".

Jean ficou entorpecido, cambaleou e se apoiou na parede, para então tentar apagar a mensagem, sujando as mãos com o sangue, mas ela não saía. 

Foi quando ouviu um inesperado barulho vindo da porta: era a figura encapuzada, outra vez, o observando.

"Você não pode escapar", ela disse, com uma voz que parecia vir de dentro da própria mente de Jean.

O rapaz tentou correr, mas seus pés estavam paralisados novamente e quando se deu conta a  figura se aproximou e o envolveu em uma escuridão total.

Quando a polícia encontrou Jean, alguns dias depois, ele estava catatônico no chão do banheiro, com a mensagem "Eu sou você" escrita no azulejo, com sangue.

O paradeiro de Jean é desconhecido, mas acredita-se que esteja esquecido em algum sanatório, enquanto a cova da sua falecida esposa misteriosamente permanece vazia. 

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