Criando o Horror...

Prisioneiro do Medo

Boa noite leitor do prisioneiro.
Gostaria, essa noite, de abordar um fato muito interessante sobre quem escreve sobre o gênero horror.
Todo bom escritor que se preze pesquisa muito acerca do assunto sobre o qual pretende escrever. Isso acontece por alguns motivos: tanto para buscar inspiração e transmitir com sucesso os sentimentos e impressões que deseja ao leitor como para não viajar muito na maionese e acabar metendo os pés pelas mãos e escrever baboseiras.
Pesquisar, com a ajuda da internet, se tornou algo bastante fácil em vista do que era quando comecei a escrever, antes da popularização da web. Era necessário ver filmes, documentários, frequentar bibliotecas e conversar com pessoas que entendiam do assunto mais do que eu. Hoje, basta visitar páginas confiáveis para se adquirir informações importantes e abordar de forma decente o assunto sobre o qual se pretende escrever.
Porém, para quem escrever sobre o horror, isso requer responsabilidade extra.
Muitas vezes, ao fazer essas pesquisas, me deparo com informações que realmente me surpreendem, como quando escrevi os livros sobre o Castelinho da rua Apa e sobre o Sanatório de Waverly Hills. Acabamos enveredando por tortuosos caminhos que muitas vezes nos levam a destinos nunca imaginados.
E por que responsabilidade? Porque muitas vezes nos deparamos com informações extremamente perturbadoras, e que devemos filtrá-las, para que o nível de horror e perturbação que transmitirmos aos leitores não passe da dose e acabe tornando o livro mal visto. Algumas informações são como tempero: devemos saber dosá-las na medida certa para que a receita não desande.
Para quem tem bom senso isso é relativamente fácil, basta possuir discernimento, mas de forma geral não é tão simples assim e ao longo do processo de criação fatos bastante estranhos acontecem.
Ao pesquisar absorve-se muita coisa, e como o tema horror envolve assuntos muitas vezes bastante delicados como demonologia, casos reais e afins, acabamos nos deparando com coisas que impressionam bastante.
Há algum tempo eu estava escrevendo um livro inspirado em um conto de minha autoria, escrito faz muito tempo, "O Mal Liberto". Me atrevi, para dar prosseguimento à história, a pesquisar sobre evocações demoníacas, que é o tema que de certo modo envolve a história e daria prosseguimento à trama.
Perdi as contas de por quantas madrugadas percorri páginas e mais páginas sobre o tema para me aprofundar sobre ele e dar veracidade ao que escrevia.
Por fim, passei a criar o livro.
Já tinha escrito, pelo que me recordo, quase dez capítulos da obra, e estava bastante empolgado com o resultado, porém, as coisas começaram a se complicar.
Minha esposa disse que acordava de madrugada e me ouvia conversando, e por vezes até mesmo gritando, e isso a deixava preocupada.
Ela conversou comigo a respeito e me perguntou sobre o que eu estava escrevendo, eu lhe contei, afinal de contas normalmente ela é a leitora beta dos meus livros.
A ideia não a agradou e ela me aconselhou a abandonar esse livro, porque se preocupava com o fato de eu estar, de certo modo, me "envolvendo" com esse tipo de assunto: demônios.
Disse a ela para não se preocupar, pois se tratava de mais uma simples pesquisa como tantas outras que eu já havia feito.
Mesmo contrariando a vontade dela prossegui com minha obra.
Passou quase um mês e, misteriosamente, meu computador teve um problema e eu tive que formatá-lo sem que eu tivesse a chance de salvar meus arquivos.
Fiquei bastante desanimado e acabei desistindo do livro, até mesmo porque seria impossível refazer tudo o que eu havia escrito. Para alívio da minha esposa eu abandonei a obra.
Para muitos isso pode não ser nada além de mera coincidência, talvez seja realmente, mas o ocorrido ficou na minha cabeça.
Está aí o xis da questão: o escritor, ainda que tenha o discernimento de filtrar as informações que passará aos leitores através de suas obras, absorve tudo aquilo que descobriu através das pesquisar e todas essas informações o perturbam de alguma forma.
Hoje escrevo um livro sobre relatos sobrenaturais, o que também me leva a pesquisar sobre fatos muitas vezes perturbadores, mas a obra está meio "empacada" por eu não ter muito tempo para escrever devido ao meu emprego novo.
Espero que, dessa vez, eu consiga terminar o livro...

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