Livro - Prisioneiro da Eternidade.




Boa noite visitante.

Estou disponibilizando um trecho do livro "Prisioneiro da Eternidade" para sua apreciação.
Para ter acesso ao livro e saber mais sobre a saga de um vampiro desde sua criação visite o link http://www.clubedeautores.com.br/book/36171--PRISIONEIRO_DA_ETERNIDADE

Boa leitura!

             "Era bom ter alguém para conversar sobre esses assuntos, mas infelizmente eu não o considerava um amigo. Rashtiz parecia estar me testando e eu esperava pelo pior a qualquer instante.
       “Bem irmão Baalzerith, já passaram-se muitos séculos desde que fomos confinados nesse plano material, como ainda pode se iludir achando que um dia isso possa vir a acontecer?”
       “Porque não somente eu mas como você e todos nosso irmãos também somos obras dele. Ele nos criou e acredito que algum dia nos livrará dessa condição maldita. É nisso que eu creio.”
       Ele ergueu seus olhos para o céu como se procurasse algo, suspirou fundo e prosseguiu... “Sabe meu irmão, talvez isso venha a acontecer algum dia, mas confesso-lhe que a existência que levo não me desagrada, muito pelo contrário, o prazer que sinto nessa existência não se assemelha em nada ao que sentia quando era ainda um servo do Criador. Talvez essa sua existência monótona seja o motivo de tanta amargura e de tanta ânsia por voltar ao colo do nosso pai. Se conhecesse o que conheço, o prazer do poder bestial, mudaria de idéia...”
       “Cada um escolhe o caminho que lhe convém, cada qual tem suas metas e sonhos. Eu tenho as minhas e pelo que vejo elas em nada se assemelham às suas. Respeito suas escolhas e crenças e espero que possa respeitar as minhas.”
       “Eu respeito suas escolhas e seu modo de existir caro irmão, apenas não as compreendo.”
       Rashtiz fez um gesto abrupto com uma das mãos e as criaturas que o cercavam afastaram-se com sua respiração pesada e seus rosnados apavorantes. Por um instante imaginei que fosse uma ordem de ataque, mas enganei-me, as criaturas desapareceram na escuridão da floresta.
       Ele se manteve pensativo por alguns instantes e prosseguiu... “Esse tipo de existência que essas criaturas levam... Isso sim é revoltante. Ter que refugiar-se em qualquer buraco para esconder-se do Sol. Vê o privilégio que possuímos? Não precisamos nos submeter a isso. Mas ainda assim queixa-se de ser o que é. Deveria unir-se a mim ou a algum irmão para se apossar de alguma região e desfrutar dos prazeres que nossa superioridade é capaz de proporcionar.”
       “Meu desejo não é esse. Respeito os humanos pois os considero mais dignos que nós, mas não o reprimo pelos seus planos e nem a qualquer irmão pois como já disse cada qual que conviva com sua existência e seus planos desde que não prejudique a mim ou aos outros irmãos que pensam como eu. Pense comigo Rashtiz: o que será do futuro se prosseguir nessa matança? E quando a humanidade se extinguir, o que será de nós? Como saciaríamos nossa sede maldita?”
       Com uma risada irônica ele prosseguiu... “Procuro não pensar nisso meu irmão, somente satisfaço meus prazeres sem pensar no futuro, nem ao menos paro para pensar nisso... Mas queria entender...por que respeitas tanto essas criaturas? Por elas serem filhas do criador? Ele nem sequer protege-as das minhas atrocidades ou das de nossos demais irmãos, ele se importa com elas tanto quanto comigo ou contigo. Por que haveria eu de me importar quando ele mesmo não o faz?”
       “Respeito-as porque já tive o privilégio de conviver com elas e conhecer suas qualidades, por saber que nossa sede deve-se à maldição imposta por Lúcifer. Eles não têm culpa dos erros que cometemos. Nunca atraiçoaram o Criador e nunca o enfrentaram, por esse motivo não receberam a maldição que carregamos. Eles merecem existir mais do que nós.”
       “Conheces tanto esses seres fracos e patéticos que não é capaz de perceber neles o mau-caratismo, a inveja, a cobiça, a raiva, a lascívia e a mentira que está enraizada em suas almas mortais... Considera-as mesmo dignas de respeito? Considera-as mais dignas que nós? Não vês o quanto são odiosas? Ou entre os povos com os quais conviveu não existiam tais defeitos?”
       A conversa começava a irritar a ambos, ele parecia debochar dos meus conceitos, parecia querer levar-me para seu lado e transformar-me numa fera assassina assim como ele mas seu semblante mudou com minha resposta... “Eles são suscetíveis a erros como qualquer criatura. Como pode perceber, caro irmão Rashtiz, não é somente nas almas humanas que crescem as sementes do mal e essa nossa conversa é uma demonstração disso. Olhe para mim e para você assim como deveria olhar para os bons e os maus humanos. Podes perceber a diferença? Tanto há humanos de péssimo caráter como seres das sombras de caráter terrível, não és capaz de perceber isso?”
       Aproximando-se de mim com fúria estampada nos olhos ele retrucou... “A mesma semente maligna que cresce mais e mais em minha alma também está dentro de você. Mais dia, menos dia ela aflorará de uma maneira que você não será capaz de controlar. Quando isso acontecer, irmão, perderás o respeito dos humanos e dos seus irmãos que levam a mesma existência medíocre que você e saberás o que é a verdadeira existência vampírica. Sem a proteção dos irmãos bondosos não haverá quem o defenda. Julga-se melhor que eu somente porque respeitas essas criaturas que não passam de alimento? Pois estás enganado, ambos recebemos a maldição de Lúcifer por termos cometido os mesmos erros, você em nada é superior a mim, em nada”
       Fixei os olhos dentro dos seus pois estávamos quase encostados um no outro e finalizei... “Não é porque errei que devo levar minha existência toda em erro. Não julgo-me superior a você ou a quem quer que seja. Apenas meu modo e existir e de pensar é diferente. Esteja certo de que se houver a necessidade de confrontar a ti ou a outro irmão jamais hesitarei em fazê-lo. Já o fiz no passado para proteger aqueles que me ajudavam e sempre o farei quando houver a necessidade disso.”
       Seus olhos reluziam ódio, era evidente a vontade de atacar-me, mas ele hesitava e frisou mais uma vez suas palavras...“Demonstras muita coragem caro Baalzerith. Mas guarde minhas palavras: um dia você verá o quanto o que digo hoje corresponde à verdade.”
       Dizendo isso Rashtiz virou-se e caminhou em silêncio na mesma direção em que seus escravos seguiram, abandonado-me sozinho em meio à floresta.
         Permaneci imóvel, solitário, pensando em suas palavras."





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