Mesmo sendo razoavelmente bonito, bem sucedido profissionalmente e tendo uma boa condição financeira nunca conseguiu ter sorte nos relacionamentos que teve e aquilo lhe causava revolta.
Teve alguns namoros mas por motivos diversos eles não deram certo e chegou um momento em que concluiu que o melhor mesmo era ficar sozinho, talvez existissem pessoas destinadas a viverem daquela forma e ele era uma delas.
Certo dia, no horário do almoço, Tony passou por um sebo e entre os inúmeros títulos empilhados teve um que lhe chamou a atenção e ele acabou levando para casa.
Mesmo sendo totalmente leigo sobre o assunto a obra que tratava sobre ocultismo estranhamente o atraiu e entre seus inúmeros capítulos teóricos haviam alguns que abordavam formas de invocar entidades.
“Como invocar um Íncubo ou Súcubo”, foi o que lhe despertou mais interesse.
Viver sozinho não era fácil, pelo contrário, jovem e saudável Tony tinha necessidades físicas gritando dentro dele que por diversas vezes o fizeram recorrer à prostitutas, por mais degradante que essa prática lhe parecesse.
Súcubo, uma entidade feminina que visita os homens durante os sonhos para saciarem-lhes os desejos e em troca absorver sua energia, da qual se alimenta.
Parecia ser uma boa ideia afinal poderia transar sem ter que recorrer às profissionais ou iniciar algum relacionamento que no final lhe traria apenas mágoas.
Não eram necessárias muitas coisas, Tony foi até uma loja de artigos religiosos e adquiriu as velas pretas e os incensos específicos indicados no livro, tudo por menos de vinte reais.
Feliz ele voltou para casa e ansiosamente esperou a noite cair para iniciar aquele ritual.
Ele precisaria ser realizado uma única vez e caso alguma entidade se interessasse pelo seu chamado passaria a acompanha-lo até quando desejasse, segundo o livro.
Mesmo um pouco cético sobre aquilo tudo Tony não viu mal algum em tentar, afinal o que de errado poderia acontecer?
Quando enfim caiu a noite fez o que o livro orientava: acendeu as velas, os incensos, repetiu as frases do tal “manual de invocação”, apagou as luzes e foi dormir ainda sem acreditar que aquilo realmente daria certo.
Foi a melhor noite de prazer que teve na vida.
No sonho uma estonteante mulher veio até ele e juntos fizeram coisas que jamais imaginou algum dia ter a oportunidade de fazer.
Namoradas? Prostitutas? Masturbação? Para quê? Tony acreditava enfim ter encontrado a maneira que tanto queria para se satisfazer sem preocupação alguma.
Durante as noites que se seguiram experimentou sensações que mesmo que quisesse seria capaz de descrever com aquela mulher cuja beleza era digna de estrelas de cinema e cuja libido superava às de atrizes pornôs.
Estava feliz, isso era visível, mas o que também chamava a atenção dos seus colegas de trabalho eram as olheiras e a aparência cansada que se acentuavam com o passar dos dias.
“Normal, são as noites de amor”, Tony pensava.
Quase um mês tinha se passado e naquele dia ele não se sentia nada bem. Saiu mais cedo do trabalho, voltou para casa no meio da tarde, se jogou no sofá e acabou adormecendo.
A companheira estranhamente não apareceu, Tony enfim pôde descansar um pouco mas quando acordou, já à noite, sentia um profundo esgotamento, a mente estava confusa e o corpo doía.
Tomou um banho na esperança de amenizar o mal estar, pediu uma pizza e procurou alguma coisa para assistir na televisão e assim distrair a cabeça.
Mesmo com fome e a pizza estando deliciosa ela não estava lhe caindo bem e Tony mal conseguiu comer a primeira fatia. O estômago começou a revirar, calafrios terríveis começaram a percorrer-lhe o corpo, a visão começou a turvar...
Levantou do sofá e tentou de ir até o celular para pedir ajuda a alguém mas assim que ficou de pé percebeu as pernas inexplicavelmente dormentes e acabou caindo no chão. Gritou por socorro mas ninguém o ouviu, o volume da televisão estava alto demais, virou-se de costas e aquilo que viu o fez ser tomado por um horror que nunca tinha imaginado.
Sentada sobre sua pélvis, já baixando a bermuda, não estava a estonteante mulher que realizava todos os seus mais secretos desejos, mas sim uma criatura estranha, com olhos injetados de ódio e lascívia que sibilava uma língua bifurcada por entre os lábios finos que exibiam um sorriso perturbador.
Mesmo sentindo-se exausto Tony pensou em lutar com aquela besta mas sequer foi capaz de erguer os braços, estava totalmente paralisado e ao tentar gritar novamente por socorro sentiu-se engasgar com a asquerosa língua que lhe adentrava pela boca.
Viu-se então nu e se desesperou ao perceber que já estava dentro do corpo frio daquela criatura nefasta que já começava a cavalgar de forma ensandecida em meio a aterrorizantes guinchos animalescos.
Queria fechar os olhos e poder ignorar aquela cena, rezar, implorar ajuda à Deus pedindo que fosse perdoado por ter se envolvido com aquele tipo de coisa, mas eles perturbadoramente não se fechavam e ele se via impotente, sendo obrigado a ver a verdadeira face do Súcubo que dele se saciava.
Aquilo parecia não ter fim e ele, de forma torturante, podia ver cada detalhe daquela criatura infernal: dos mamilos saíam uma espécie de tentáculo que vertia um esverdeado líquido viscoso que volta e meia lhe pingava na boca, as mãos eram como as de uma ave de rapina, no lugar do nariz haviam apenas dois orifícios e as orelhas eram protuberantes e pontiagudas como as de um elfo.
Tony, quando acreditava que seu suplício estava por terminar, sentiu uma lancinante dor como se o pênis fosse mordido pela vagina daquela criatura que deu uma perturbadora gargalhada e disse “Agora você está fraco, doente, morrendo, não preciso mais de você, já tive o que queria” para então desaparecer como se jamais tivesse estado ali.
Enfim ele conseguiu gritar, mas era tarde demais, Tony realmente tinha sido mordido, a hemorragia era grave e, paralisado, foi incapaz de conseguir ajuda.
O corpo dele foi encontrado alguns dias depois.
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