Conto - Iara.

Lenda da Iara

Sentado à beira de um rio, um solitário pescador, silencioso, manobrando magistralmente seu equipamento para capturar os peixes, ouve despreocupado o leve som do vento sobre as folhas das árvores.

De repente seus ouvidos são invadidos pelo sedoso som de um canto feminino e o estranho barulho de um corpo caindo na água. Sabendo que não há ninguém pelas redondezas, tem a certeza da presença de uma figura que ao mesmo tempo consegue ser bela e terrível. Ele foge desesperadamente na tentativa de escapar da Iara.

O destino de quem atende ao chamado da bela mulher é conhecido: totalmente encantados por sua figura e enfeitiçados pelo seu canto, os pobres homens se deixam arrastar para as profundezas do rio, tendo como único destino a morte.


Iara surge nos rios chamando os homens para amá-la em seu reino. Dizem que seus corpos são encontrados após alguns dias, com a boca dilacerada pelas piranhas, marcas dos beijos de Iara.


Pobre dos homens! Se as mulheres o Boto ama, os homens a Iara mata...


Mesmo se afastando do rio, lentamente a correria do pobre pescador vai cessando e sem se dar conta ele já caminha docemente retornando para o rio.

Enfeitiçado com a bela melodia cantada pela Iara, sucumbe a essa armadilha ardilosa da criatura e logo está envolto até a cintura pelas águas mornas do rio.

Nas águas, reino da Iara, não há escapatória.

Em alguns dias mais um corpo é encontrado com os lábios dilacerados...



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